Já Visitou as Gravuras Rupestres do Vale do Côa?

Os sítios de arte rupestre do Vale do Côa situam-se ao longo das margens do rio Côa, que vai desaguar ao Douro e onde, também, já se avista a típica paisagem duriense cheia de vinhas bem tratadas. As gravuras rupestres são imediatamente sinónimo e definição do município de Vila Nova de Foz Côa, embora haja, ainda, outros três municípios abrangidos por esta manifestação de arte que já data desde há cerca de 22 mil anos antes de Cristo: Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda e Pinhel.

Embora o prestígio e a popularidade destas paragens sejam grandes, foi apenas em 1994 que foi descoberto este que é o maior complexo de arte rupestre do Paleolítico ao ar livre conhecido até hoje. Nos anos anteriores, quaisquer gravuras rupestres estavam escondidas em grutas de difícil acesso e nada convidativas para um passeio em família.

No Vale do Côa abunda o xisto, que tão bem decora as casas pelas quais suspiramos de tão encantadoras e acolhedoras são. Foi precisamente nessa pedra que, há 20 mil anos, os habitantes deste território começaram a trocar mensagens entre si. Hoje, ainda restam milhares de gravuras feitas nesse período (o Paleolítico) que mostram cenas de caça, ou apenas cavalos e bovídeos. Cenas de acasalamento entre cavalos também são facilmente encontradas. A maneira de ser e de viver do Homem daquele tempo está em boa parte plasmada nestas pedras que lhe vão trazer uma autêntica aula de História ao ar livre – muito mais eficaz e descontraída que os livros do Secundário, verdade? Não há indicação de que esses povos que habitaram o Vale do Côa tivessem outra forma de comunicar a não ser esta.

E a importância cultural e científica das gravuras de Foz Côa é tão grande que levou à suspensão da construção da Barragem que estava definida e à sua classificação como Património Mundial da UNESCO. Depois de muita polémica, e com os partidos políticos em guerra aberta com o Governo, conseguiu-se proteger esta herança única, perpetuando-a, assim, ao longo do tempo, sendo atualmente considerada um dos espólios mais importantes da Europa.

Apesar de haver milhares de exemplos desta forma de comunicação, apenas três núcleos são visitáveis: Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Priscos. As visitas decorrem em pequenos grupos que acedem ao sítio, apenas acompanhados com guias do Museu do Côa que, nos meses de mais calor, acaba por ser a melhor alternativa para conhecer as famosas gravuras que o levam a visitar, também, o lindo Douro. No Museu existem réplicas das gravuras originais e informação interativa que utiliza as modernas tecnologias digitais para dar a conhecer este incrível e surpreendente tesouro. Aqui também toma, de imediato, consciência da importância destes achados, cujo futuro esteve tão incerto até ficar decidida a sua preservação.

Para uma ainda melhor experiência, sugerimos-lhe que combine esta visita com um belíssimo Cruzeiro no Douro. Garantimos que tudo o que vai ouvir são os sons da Natureza, como os dos pequenos animais que habitam estas paragens que, de tão “em casa” se sentem, manifestam as suas atividades a qualquer hora do dia. A passagem pelas Barragens de Bagaúste, Valeira e Pocinho, com os seus sempre intrigantes desníveis, também faz parte deste dia muito rico culturalmente e super relaxante.

Já o nosso programa Portugal, Património da Humanidade (11 dias), também não esquece este tesouro perdido no mais profundo Vale do Douro e, no sétimo dia fazemos uma encantadora visita ao Douro Superior, visitando esta área. Esta é uma boa opção para quem quer conhecer a fundo os mais belos locais e paisagens protegidos pela UNESCO e eleitos Património da Humanidade.

Já não tem dúvidas sobre a sua próxima viagem, pois não?